quarta-feira, agosto 04, 2004

E o que não foi não é...

Ontem cheguei a uma conclusão engraçada. O amadurecimento realmente faz com que conheçamos a nós mesmos de uma maneira cada vez mais aprimorada. A cada dia mais velha, mais experiente, descubro algo novo da minha personalidade. Algo que sempre esteve ali, mas que eu nunca havia tido sensibilidade para perceber.

Depois de ver o filme Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças fiquei pensativa. Me dei conta que, desde pequena, quero que minha vida seja como no cinema. Meu objetivo desde A Branca de Neve (o primeiro filme que eu vi), é viver como os personagens de um filme. Nas telas, tudo é muito intenso e é assim que eu vivo.

O que me fez chegar mais concretamente a essa conclusão foi perceber que minha maneira de viver foi mudando de acordo com os filmes que eu assisti durante a vida. (Puxa, tive de ver uma porção de filmes antes de me dar conta disso!)

Quando o filme da minha vida era Romeu & Julieta, queria um príncipe encantado e não podia imaginar outro final pra mim que não morrer de amor. Existe algo mais bonito, mais romântico e mais intenso do que morrer de amor? Eu imaginava as pessoas olhando o meu caixão e dizendo: "Coitadinha, morreu de tanto amar..."

Os anos se passaram e a vida tornou-se mais cruel e bem menos romântica do que na adolescência. Romeu & Julieta continuou sendo um dos meus filmes (e livros) favoritos, mas já tomei um banho gelado de realidade e não consigo mais ver o amor como esse sentimento mítico e cheio de sofrimento.

*Eu costumava ler aqueles poetas que morreram tísicos e achava aquilo tão bonito... Sentia na pele aquela dor toda. Aquela dor física e falsa do amor.*

Não demorou muito para que outros filmes me inspirassem. Continuo querendo uma história de amor, mas já acho que o que vale é viver tudo. Viagens, sexo, trabalho, amizades e é claro, o amor. O que importa é viver tudo muito intensamente. Ter um amor eterno já não importa mais como antes, o importante é viver, beijar na boca, experimentar. Experimentar sensações, sentimentos, desejos, fantasias. Viver como se a vida fosse um filme de, no máximo, duas horas.

Sou uma romântica. Uma sonhadora. Uma maluca. Sou de tudo um pouco. E o importante é isso. Ser feliz fazendo de tudo um pouco antes que os créditos comecem a baixar...